Doenças Ocupacionais: Como ajuizar uma ação sozinho

Pessoa segurando os pulsos com aparente dor

As doenças ocupacionais são uma preocupação crescente no mundo do trabalho atual. Cada vez mais, trabalhadores de diversas áreas enfrentam os impactos dessas doenças em seu bem-estar e carreira. Mas o que são doenças ocupacionais e por que elas têm se tornado tão relevantes?

Neste artigo, vamos abordar os principais aspectos das doenças ocupacionais, desde conceitos até a importância de conhecer seus direitos e buscar ajuda especializada. Além disso, vamos explorar os desafios vivenciados por aqueles que sofrem com essas enfermidades no ambiente de trabalho, como o medo de perder o emprego, a dificuldade de comprovar a relação entre a doença e o trabalho e o impacto negativo na qualidade de vida.

Você já sentiu uma dor que não sabia de onde vinha, mas suspeitava que pudesse ser resultado do seu trabalho? Essa é a realidade de muitas pessoas que enfrentam doenças ocupacionais. Ao longo deste artigo, você encontrará informações úteis e orientações para lidar com essas questões e garantir que seus direitos sejam respeitados, sem que você se sinta rotulado ou exposto.

1. Responsabilidade subjetiva e objetiva

Será que o empregador teria responsabilidade pela sua doença? A resposta para essa pergunta pode ser mais complexa do que parece. No âmbito do Direito, existem dois tipos de responsabilidade que podem ser aplicados ao caso de doenças ocupacionais: a responsabilidade subjetiva e a responsabilidade objetiva.

A responsabilidade subjetiva ocorre quando há culpa por parte do empregador, ou seja, quando é possível comprovar que a doença foi causada por negligência, imprudência ou imperícia da empresa. Nesses casos, é preciso demonstrar que o empregador não tomou as devidas precauções ou não proporcionou um ambiente de trabalho seguro, resultando na doença ocupacional.

Por outro lado, a responsabilidade objetiva independe da comprovação de culpa. Nessa situação, o empregador é responsabilizado apenas pela existência do dano e pela relação entre a doença e o trabalho. Isso pode ocorrer, por exemplo, em atividades laborais consideradas de alto risco, nas quais a empresa deve assumir a responsabilidade pelos eventuais danos à saúde dos trabalhadores, mesmo que não tenha agido com negligência.

E aí vem uma ótima notícia pra você! Em 12 de março de 2020, o STF – Recurso Extraordinário (RE) 828040 – tomou uma decisão importante que confirma que o empregador pode ser responsabilizado, mesmo sem culpa, nos casos de acidente de trabalho (incluindo doenças relacionadas ao trabalho) em atividades com risco habitual. Isso significa que, quando a atividade tem um risco acentuado, os trabalhadores, os empregados não precisam provar a culpa do empregador para ter direito a uma indenização.

Uma forma de analisar o risco da atividade, por exemplo, é por meio do Nexo Técnico Previdenciário contido na Lista II Anexo do Decreto 3048/99. Essa regra ajuda a entender se a doença tem uma relação com o seu trabalho. Para acessar ao NTEP, segue o link: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048anexoii-iii-iv.htm

2. Indenizações e direitos do trabalhador

Sabemos que enfrentar uma doença ocupacional é como carregar um fardo pesado nos ombros, e que nenhuma indenização poderia realmente compensar tudo o que foi tirado de você. No entanto, a lei prevê formas de ressarcimento para, ao menos, amenizar o mal causado e ajudar a aliviar suas dificuldades. Afinal, não se trata de uma benesse, mas sim de uma maneira justa de reparar os males que o trabalho causou à sua saúde.

Uma das possibilidades é a indenização por danos materiais, que serve para cobrir os gastos que você teve com tratamentos médicos, medicamentos e outros custos relacionados à doença ocupacional. Além disso, se você não puder mais trabalhar na mesma função ou tiver sua capacidade de trabalho reduzida, a indenização pode incluir uma compensação financeira para ajudar você a se adaptar à nova realidade.

Outra indenização importante é a de danos morais, que tem como objetivo compensar o sofrimento emocional, a dor e a angústia causados pela doença ocupacional. Sabemos que lidar com esses problemas de saúde pode ser muito difícil e desgastante, por isso é importante que você seja amparado nesse sentido também.

Além disso, em alguns casos, você pode ter direito à indenização por danos estéticos. Essa indenização é destinada a compensar as alterações na aparência causadas pela doença ocupacional, que podem afetar sua autoestima e bem-estar emocional.

Você também tem direito a alguns benefícios previdenciários, como o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez, dependendo da gravidade da sua situação. Esses benefícios podem garantir um sustento para você e sua família enquanto você se recupera ou se adapta às novas condições de trabalho.

E lembre-se: para garantir esses direitos e enfrentar as complexidades das Reclamações Trabalhistas, é fundamental contar com a ajuda de um advogado especializado em Direito do Trabalho. Esse profissional será seu aliado na luta pelos seus direitos e te orientará em todas as etapas desse processo. Não hesite em procurar ajuda e tirar todas as suas dúvidas!

3. Como exigir reparação.

Sabia que é possível procurar a Justiça do Trabalho sozinho? Sim, isso mesmo! Se você quiser, pode entrar com uma reclamação trabalhista a termo. Para fazer isso, basta seguir os passos abaixo:

  1. Dirija-se à Vara do Trabalho mais próxima do local onde você trabalhou;
  2. Leve consigo os principais documentos que comprovem sua relação de trabalho e a doença ocupacional, como: carteira de trabalho, contracheques, atestados médicos, exames e laudos médicos;
  3. No local, explique sua situação ao servidor e ele redigirá a reclamação trabalhista a termo, que, ao final, será assinada por você.
  4. Mantenha seu endereço e meios de contato atualizados.
  5. Para saber o que deve fazer antes de ajuizar uma ação, leia esse artigo: https://mouraoadvogados.adv.br/acho-que-estou-com-doenca-do-trabalho-o-que-fazer/

Porém, é fundamental que, mesmo que opte por ajuizar a demanda sozinha, você consulte um advogado para tirar suas principais dúvidas e entender melhor seus direitos.

Por exemplo, considere a situação em que você precisa construir uma casa. Você até pode realizar pequenas obras ou reparos sozinho, mas, se for uma construção mais complexa e tentar fazê-la sem a ajuda de arquitetos e engenheiros experientes, provavelmente encontrará muitos problemas, e a obra pode levar muito mais tempo e dinheiro do que o planejado. Da mesma forma, contar com um advogado especialista em casos tão complexos quanto os de doenças ocupacionais é como ter esses profissionais trabalhando ao seu lado, garantindo que tudo corra bem e que seus direitos sejam respeitados, de acordo com as normas e regulamentos adequados.

É importante lembrar que a outra parte, provavelmente, estará acompanhada por um advogado experiente, o que pode dificultar ainda mais a sua defesa e deixá-lo em desvantagem. Ter um advogado trabalhista especializado ao seu lado é essencial para garantir que seus direitos sejam respeitados e que você receba a justiça e a compensação que merece diante de uma situação tão difícil como a de enfrentar uma doença ocupacional.

Portanto, não subestime a importância de contar com um advogado especialista em Direito do Trabalho. Mesmo que decida seguir sozinho, lembre-se de, no mínimo, consultar um ou mais profissionais da área para esclarecer suas dúvidas e tomar a melhor decisão possível.

Conclusão

Em conclusão, é fundamental conhecer e entender seus direitos relacionados às doenças ocupacionais, pois isso pode fazer toda a diferença na busca por soluções para as dificuldades enfrentadas. Além disso, contar com um advogado especialista é de suma importância para garantir a proteção desses direitos e buscar formas de minimizar as dores e os impactos causados pelas doenças ocupacionais.

Lembre-se: você não está sozinho nessa jornada. Buscar apoio e orientação profissional é um passo importante para garantir que seus direitos sejam respeitados e que você encontre alívio para as questões urgentes e recorrentes enfrentadas em decorrência da sua situação. Se você tiver dúvidas ou precisar de ajuda, estamos aqui para apoiá-lo. Basta clicar no botão do WhatsApp para entrar em contato conosco de forma discreta e segura.

E, acima de tudo, cuide de si e busque sempre o melhor para sua saúde e bem-estar. Afinal, você merece uma vida digna e repleta de realizações, apesar dos desafios enfrentados.

Luciano Mourão

Luciano Mourão

Advogado pós-graduado em Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Direito Previdenciário, com atuação há mais de 15 anos.

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